Conversando sobre espelhos

Você já parou para pensar na “dinâmica” dos espelhos? Eles te colocam cara a cara com uma pessoa que é (ou ao menos deve ser) muito importante pra você. Contemplar-se no espelho deveria ser uma “aventura” cotidiana. Deveríamos olhar no espelho todos os dias, pelo simples fato de que ao nos tocarmos a nós mesmos com o olhar estamos abrindo outra dimensão de encontro. E quando passamos a nos enxergar de uma maneira nova a vida deixa de ser verso e vira poema. Ah… Aí sim o espetáculo começa e acontece com ainda mais vigor.

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Foto: Atelier Moldura – Lisboa, Portugal

Quando estou frente a frente comigo mesmo (me encarando no espelho), vejo nada mais além de um ser de possibilidades. E a gente só consegue encarar a vida com docilidade quando aliviamos os nossos próprios fardos e ajudamos os outros a aliviarem os deles. Os espelhos me ajudam a ser mais humano. Isso mesmo, mais humano!

No momento em que os afazeres do cotidiano ou as vaidades do ofício querem me fazer sentir melhor que os outros ou superior, vejo no espelho um ser humano como outro qualquer. E isso não é “auto-rebaixamento” (perdoem-me a palavra “estranha”), isso é apenas o reconhecimento de que em nossas peculiaridades, no fim, somos mesmo iguais.

Conheço histórias de pessoas que “não se olham no espelho” (e outras que se olham até demais). Tenha cuidado! A rotina pode te levar a fugir dos espelhos. Ah… Tem um detalhe importante que merece também destaque: o “olhar no espelho” deve ser um ato de profundidade. Entendamos melhor. Olhar para “retocar a maquiagem” ou para “arrumar os cabelos” pode ser considerado um “olhar banal” sob a perspectiva aqui proposta. A “mirada” á qual faço referência é reflexiva (não tenha medo de olhar pra você mesmo), e por si só, me reconduz ao mais profundo “abismo” do “eu”.

O poeta entende bem isso. Mas… Quem é o poeta? Você que me lê. Eu que te escrevo. Nós. Fazemos e vivemos poesia. “Mesmo” com os espelhos do cotidiano.

Abra-se mais à poesia, à contemplação reflexiva de si mesmo. Se entregue sem medo a arte do autoconhecimento. Isso mesmo: conhecer-se é um
a arte (das mais lindas que existem). Então, está esperando o quê pra ser “mais artista”? Feliz busca. Feliz autoconhecimento!

Luiz Fernando Miguel – 14/03/16

 

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