Estamos em um novo tempo da história humana, em todos os sentidos, mas especialmente no que diz respeito à comunicação. Podemos afirmar que estamos passando por um momento de revolução, tão profundo e chocante como o foi a revolução industrial para a sociedade. O homem passa a uma nova configuração de mundo, isto é, há uma reestruturação na forma de pensar e se comunicar: estamos na era do saber pensar e fazer tecnológico.
Não somos mais “programados” e robotizados como poderíamos pensar ser alguns anos atrás, deixamos de ser ‘público-alvo’, pois o “alvo” é algo passivo, que não se expressa. O advento das mídias sociais nos proporcionou uma nova visão de mundo, onde o “eu” deixa de ser o “si só”, isolado, mas passa a compor um todo, sem perder sua individualidade, ganhamos voz e, consequentemente, vez.
É possível afirmar isso com base em tudo o que vivemos e experimentamos hoje: nossa geração não compra nada sem antes fazer uma pesquisa no google sobre o preço de determinado produto. E mais, ainda pesquisa a reputação e classificação da loja virtual (e-commerce) ou estabelecimento no site ReclameAqui.com que é um excelente termômetro para medir o grau de eficiência no atendimento e a satisfação geral dos clientes. Bom, estes são alguns poucos exemplos diante do vasto mundo tecnológico no qual estamos inseridos.
Há anos atrás a TV ditava o nosso dia-a-dia, o que íamos assistir, em que horário iríamos assistir; hoje é diferente, as pessoas tomaram conta do “controle remoto” e mostraram à mídia convencional quem é que “manda no pedaço”, a TV perdeu espaço; perdeu sem “perder”, isto é, foi uma perda satisfatória e compensatória, pois a maioria das pessoas estão em “duas telas” (especialmente no Brasil, como divulgado na mídia recentemente) e os meios tradicionais que souberem aproveitar dessa duplicidade de tela em seu favor aumentarão exponencialmente sua audiência e capacidade de alcance.
Uma das principais vantagens que estes novos tempos trouxeram foi o fato de que as pessoas não aceitam mais as coisas e “ponto”, elas questionam, expõem sua opinião (às vezes de forma exagerada e errada) e o melhor de tudo: deu uma liberdade incrível à criatividade das pessoas. As novas mídias democratizaram o acesso à popularização (aqui entendida como disseminação de conteúdo, o que também chamamos “viralização”). A internet dá a oportunidade para as pessoas criarem, inventarem, serem criativas, produtivas. (Isso é bom se bem utilizado).
Até agora falamos de todas as novidades e possibilidades, porém há um lado muito obscuro que ainda exige de nós muita atenção, estudo e aprofundamento: a internet e esta nova forma de nos comunicarmos pode também ser prejudicial à liberdade, à privacidade, aos relacionamentos…
Poderíamos aqui enumerar vários casos de falta de responsabilidade no uso e na deturpação do real sentido e necessidade da utilização dessas mídias, porém preferimos uma exposição contrária, por meio da alegoria de que as mídias que temos hoje disponíveis e que estão emergentes são para nós como uma faca na mão: podemos usá-la para cortar um pão e saciarmos a nossa fome, como também podemos usá-la para ferir ou matar uma pessoa ou a nós mesmos. E aí? Cabe a cada um saber utilizar e se informar. Estamos na era da intelectualidade, da informação, as maiores bibliotecas e obras do mundo podem estar nas palmas de nossas mãos. Como estamos utilizando tudo isso? É um sério questionamento a nos fazermos.
Diante de tudo isso vale pensarmos também no sentido que o atual paradigma da educação tem dado às novas mídias: seria a educação contrária à midiatização e ao novo pensamento tecnológico de nossos tempos? Como levar alunos, professores e gestores a compreenderem o verdadeiro sentido e utilidade das novas mídias e deste novo “saber fazer e pensar tecnológico”? Estamos preparados para estes novos tempos? Ou estamos apenas assistindo como meros espectadores?
O profissional de comunicação é formador de opinião, deve ser reflexivo e estar atento À forma como ele próprio e as demais pessoas se relacionam com estes “novos meios” ou como deles se utilizam. Deve ainda orientar para uma correta utilização que leve à reflexão e uma novidade que se mostre boa para a sociedade como um todo. Ser comunicólogo hoje é ser porta-voz de uma nova sociedade, envolta por tecnologias que podem e devem ser utilizadas para o bem, para a vida e para a promoção da dignidade humana.
Luiz Fernando Miguel – Professor de Filosofia e Jornalista
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