Há uma sabedoria silenciosa no tempo. Ele não fala, não discute, não grita — apenas passa. E, enquanto passa, leva com ele dias, pessoas, momentos, oportunidades. O tempo não se perde por distração; perde-se por ilusão — a ilusão de que teremos sempre mais um dia, mais uma chance, mais um “depois”.

Mas o depois é o maior ladrão da vida. Quantas conversas adiadas, quantos perdões engolidos, quantos abraços guardados para “quando der tempo”? E, quando percebemos, o tempo já foi — e com ele, uma parte de nós.

O filósofo Sêneca, em sua obra Da Brevidade da Vida, advertia: “Não é que tenhamos pouco tempo, mas que perdemos muito dele.” A frase parece escrita para o nosso século. Vivemos atolados em compromissos, distraídos por telas, exaustos por coisas que não alimentam o espírito. Corremos tanto, que esquecemos de para onde estamos correndo.

Há uma urgência em reaprender o essencial. A vida não é feita de acúmulos, mas de presenças. Não é medida em horas, mas em sentido. O Evangelho nos recorda que “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6,21). Talvez por isso tantos corações estejam pesados: colocamos nosso tesouro em coisas que não duram.

Não perca tempo com o que não te faz crescer, com o que te afasta da tua verdade, com o que rouba tua paz. O tempo é o dom mais democrático que existe — todos o recebemos igualmente —, mas poucos sabem transformá-lo em eternidade.

Viver bem é escolher bem. E escolher bem é saber dizer não ao que não tem raiz. É perceber que as coisas mais simples são as mais profundas: uma conversa sincera, uma oração silenciosa, um café compartilhado, um pôr do sol contemplado sem pressa.

O tempo passa — e nós também. Mas há algo que o tempo não pode roubar: o amor vivido, o bem feito, a fé cultivada. Isso fica, porque toca o eterno.

Talvez o segredo da vida não esteja em “ganhar tempo”, mas em gastá-lo com o que realmente importa. Porque, no fim, não levaremos nada — apenas o que nos tornamos.

Então, viva o hoje. Ame hoje. Agradeça hoje. Peça perdão hoje. Faça o bem hoje.
O amanhã é apenas uma promessa. O agora é graça!